ACERVO MUSICAL | Consulado da Portela de SP

BARRACÃO É SEU

JOÃO DA GENTE / CLEMENTINA DE JESUS /


BARRACÃO É SEU VOU DESOCUPAR
CORAÇÃO É MEU VOU DESABAFAR
ME DÁ MEU VIOLÃO QUE EU VOU ME EMBORA
QUERO MOSTRAR PRA SENHORA
QUE EU TENHO AONDE MORAR


BARRACÃO É SEU VOU DESOCUPAR
QUERO MOSTRAR PRA SENHORA QUE EU TENHO AONDE MORAR
SE O BARRACÃO É SEU PODE IR FINGIDA MULHER
FEZ NO CORAÇÃO DE UM ANJO AS FEIÇÕES DE LÚCIFER

UMA DÚZIA DE MULHERES QUE EU QUERIA GOVERNAR
TEM ODETE TEM MARIA TEM JUDITE TEM GUIMAR
EU QUERIA SER BALAIO NA COLHEITA DE CAFÉ
PARA ANDAR DE PENDURADO NA CINTURA DA MULHER

LÁ VEM A MORTE PESCANDO DE CAMISA E SAMBURÁ
QUANDO A MORTE PESCA PEIXE QUE FOME NÃO HÁ POR LÁ
AO CANTAR ESSE SAMBA ME LEMBRO DO MAESTRO FON-FON
GRAVANDO NA COMPANIA ODEON

NÃO QUERO MAIS TEU AMOR NEM TÃO POUCO TEU CARINHO
PREFIRO VIVER NAS MATAS COMO VIVE OS PASSARINHOS
VAI-TE EMBORA ENGANADEIRAS NÃO VENHAS ENGANAR
NÃO VENS ME DAR O PAGO QUE ME DEU A GUIOMAR

SE É LÁ DO CÉU QUE BRILHA NO AZUL DO FIRMAMENTO
O NOME DAQUELE GRACO NÃO ME SAI DO PENSAMENTO
DA BAHIA ME MANDARAM UM PRESENTE NO BALAIO
ERA UM CORPO DE GENTE CABEÇA DE PAPAGAIO

EU QUERIA SER BALAIO, BALAIO EU QUERIA SER
PRA ANDAR DE PENDURADO NAS CADEIRAS DE VOCÊ
EU SOU JOÃO DA GENTE NÃO NEGO MEU NATURAL
EU DEFENDO A PORTELA NO DIA DE CARNAVAL

SOU A MANA CLEMENTINA CONHECIDA DEVAGAR
FOI LÁ EM MANGUEIRA TODO MUNDO QUER SAUDAR-ME
QUEM NÃO PODE NÃO INTIMA A QUEM NÃO PODE INTIMAR
QUEM NÃO PODE NA CARREIRA VAI ANDANDO DEVAGAR

MINHA MÃE ME BOTO FORA FOI NO TEMPO DA MISÉRIA
TINHA EU QUATORZE ANOS VEJA QUE TAMANHO EU ERA
DER MANGUEIRA VEM CARTOLA, DO ESTÁCIO O ISMAEL
DA PORTELA VEM O PAULO QUE ERA O NOSSO DEUS NO CÉU



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